Por: JÚLIA MBUMBA
Imagens: NELSON DO NASCIMENTO

Ela é Djanira Watussy Barbosa Pedro Bula, nasceu e viveu os 33 anos da sua vida em Luanda, uma das suas grandes paixões, competindo com a fotografia, a Comunicação e os sentimentos que as pessoas a sua volta são capazes de deixar transparecer.

A paixão por Luanda surge de uma fase de quase privação: Da imaginação da cidade que vislumbrava do 6º Andar, do apartamento da sua mãe, no Kinaxixi, onde viveu até se casar, há um ano e meio, e que não tinha o privilégio de explorar.
Teve uma educação muito rígida, que não lhe dava a oportunidade de descobrir a cidade a sua volta, mas conheceu e sempre admirou o seu antigo Kinaxixi “lembro-me de passar pelo mercado do Kinaxixi sempre que ia a escola. O mercado, o Museu de História Natural, São José do Cluny, o Hotel Trópico faziam parte do meu trajecto e eu adorava olhar para isso”, conta.
Para além do habitual itinerário, que servia para ir e vir da escola, com algumas fugidas para o Parque do Governo Provincial de Luanda, que era na altura das suas maiores aventuras, e acabavam em reprimenda, ia muitas vezes, com as manas mais velhas ao Combatentes, ver montra, e a Ilha de Luanda, fazer praia. Aí sentia-se no paraíso, que descreve como sendo “um lugar muito agradável, com água límpida, muito calmo e apetecível de se estar.”

O desfile de Carnaval é das mais fortes memórias que tem, quando se lembra da sua cidade mãe. Um desfile que gostaria, antes de mais, de ver resgatado.
Hoje sente e identifica Luanda num misto de frenesim e Amor. O frenesim que tem de ver com o estilo de vida do povo, a maneira como a cidade está estruturada, a aglutinação de carros, o trânsito caótico; e o Amor, porque vem das pessoas que quase sempre trazem para fora um misto de sentimentos positivos, pela forma própria de ser e estar. “As saudades que sinto da minha infância, das feiras que via pela janela, das pessoas mais acolhedoras, do carnaval… tudo me remete a uma memoria de Amor…”
Resultado do escadeirão que Luanda vive, várias culturas são congregadas, vários povos, várias nações, vários hábitos e costumes. “Luanda nesse momento é fruto desse processo intercultural. Além do muito que recebe lá de fora. E temos o problema de não estarmos a fazer a Protecção cultural”, desabafou.

Mentora do projecto Kaluanda Fest, um corpo completado por Josemar Afonso, que prontamente doou os seus membros para que não lhe faltasse saúde:
O projecto surge de uma ideia de se celebrar a cidade de Luanda.
Resgatar identidade e valores não são possíveis se não se conhece a História. Por isso, o Kaluanda Fest vem cobrir o espaço que tinha ficado vazio, com Arte e Cultura. O característico dessa festa.
“Identificamos um conjunto de actividades que percebemos que enquanto memória, para muitas pessoas fazem sentido de forma geral e gratuita. Porque só se preserva aquilo que se conhece e se ama…”
Arte e Cultura, Teatro, Cinema, concertos, passeio histórico que levará pessoas a conhecer a história da cidade capital, são atractivos que farão parte dessa festa.
A primeira Edição foi preparada em muito pouco tempo. Apesar das várias dificuldades e do ínfimo tempo de preparação, o evento foi bem avaliado.

Depois de mais tempo de planificação e uma gestão mais estratégica, vem aí na segunda Edição, completa de tudo o que faltou na primeira.
E como não se fala em Kaluanda sem falar em música e em dança…
A banda Movimento, foi a escolhida para agraciar o palco da segunda edição do Kaluanda Fest, sendo que de todos e conjuntos mais antigos, é uma das que se mantém até então, e com um repertório vasto e riquíssimo.

O maior desafio a que se propõem Josemar e Djanira, é colocar o Kaluanda Fest no mapa dos grandes eventos internacionais, como um produto turístico a oferecer e atrair pessoas do mundo inteiro.

Partilhar:

Deixar um Comentário

Your email address will not be published.

You may also like

Mais Artigos