O Arcebispo Emérito do Lubango, Dom Zacarias Kamwenho, publicou, na tarde de segunda-feira (28), em Luanda, o livro ´Acreditei, por isso falei – revisitando o prémio Sakharov – 2001´, um trabalho por via do qual revisita momentos que viveu durante a sua vida apostólica e enquanto cidadão atento às preocupações sociais do seu país.
Texto: DAVID GASPAR
Durante a apresentação do livro que esteve a cargo de Dom José Manuel Imbamba, Arcebispo de Saurimo e Presidente da CEAST, Dom Zacarias Kamwenho esclareceu o quanto lhe era oportuno publicar parte das suas reflexões sobre a paz entre os humanos e, sobretudo, sobre as acções do governo e dos líderes dos partidos políticos angolanos.
Na obra que conta com prefácio do intelectual Marcolino Moco, lê-se na dedicatória uma mensagem dirigida ao poeta Agostinho Neto, de quem o Arcebispo cita alguns excertos do poema «Adeus à hora da largada»; Holden Roberto, de quem se lembra de uma promessa utópica feita por aquele líder em 1974, em Kinshasa; e Jonas Malheiro Savimbi, “o ‘Rebelde’ que, como árvore, morreu de pé para a ‘Independência Total de Angola’”.
Para um homem que ao 90 anos de idade se mostra traído pelas acções do governo sustentado pelo partido MPLA que em muitos aspectos levou Angola a regredir nesses seus quase 50 anos de independência e exactos 20 anos de Paz armada, Dom Zacarias Kamwenho procura despertar os angolanos com reflexões como os excertos extraídos do seu livro:
«Em Angola há províncias grandes demais; o seu desdobramento é bem-vindo! Mas, na mente da actual Constituição Nacional, tal operação será “apenas” para dar emprego aos militantes e simpatizantes do Partido que nos governa e aumentar o seu eleitorado»
«Os milhões de dólares ou de euros que caírem do “céu” cairão no mesmo bolso-roto desse Partido habituado a ludibriar o público, nacional e internacional, com projectos alienantes, exemplo actual, o Kwenda…»
A cerimónia de lançamento que decorreu no auditório da Livraria das Irmãs Paulinas foi honrada pela presença de entidades como a Veneranda Juíza Presidente do Tribunal Constitucional e da Presidente da Assembleia Nacional, Laurinda Cardoso e Carolina Cerqueira, respectivamente, e do Presidente da Unita, Adalberto Costa Júnior.
