Por: HORÁCIO BAPOLO
A escritora moçambicana, Paulina Chiziane, de 66 anos de idade, venceu a edição deste ano do Prémio Camões – a mais importante distinção mundial da língua portuguesa, pela importância que dedica nos seus livros aos problemas da mulher moçambicana e africana.
Num comunicado divulgado hoje pelo Ministério da Cultura de Portugal, a responsável da pasta, Graça Gonçalves, refere que o júri decidiu por unanimidade atribuir o Prémio à escritora moçambicana Paulina Chiziane, destacando a sua vasta produção e recepção crítica, bem como o reconhecimento académico e institucional da sua obra.
No mesmo documento, a ministra avança que o júri reconheceu o recente trabalho da escritora, de aproximação aos jovens, nomeadamente na construção de pontes entre a literatura e outras artes, sublinhando que a vencedora é hoje uma das vozes da ficção africana mais conhecidas internacionalmente, tendo já recebido vários prémios e condecorações.
Chiziane é reconhecida como uma das pioneiras da literatura no seu país. O seu livro “Balada de Amor ao Vento“, escrito em 1990 e nunca editado no Brasil, é tido como o primeiro romance publicado por uma mulher em Moçambique.
“Niketche”, uma história de Poligamia“, é a obra mais conhecida da escritora. É uma narrativa que dá protagonismo a uma mulher antes subserviente que decide conhecer as outras mulheres de seu marido, ao descobrir que elas existem. Considerado um clássico da literatura em português, o livro ganhou neste ano uma nova edição pela Companhia das Letras.
Paulina Chiziane nasceu na vila de Manjacaze, província de Gaza em Moçambique, estudou Linguística em Maputo e actualmente vive e trabalha na Zambézia. Torna-se assim, na primeira mulher africana a vencer o “Prémio Camões“.